Os vampiros vestem bem também

São várias as particularidades da "moda" mais recente que se espalham por todo o conjunto da modernidade, mais ou menos, artística. Adolescentes, adultos, todos parecem estar ao alcance de uma boa história entre vampiros e humanos. As televisões não receiam mais a oportunidade instalada de uma boa audiência fácil de começar no membro mais novo e acabar no mais velho de cada família em horário nobre.
Da fina relação entre o lado positivo e o negativo de todo este quase novo paradigma de idolatração de massas, surge subtilmente a ascensão de bandas com carreira assinalável ao grande público que, como grande massa também, transmuta-se constantemente nos seus julgamentos sem qualquer previsão fiável de um padrão homogéneo. Este acontecimento extremamente interessante deve-se sobretudo às bandas sonoras das adaptações ao cinema de dois livros de Stephenie Meyer, "Twilight" e "New Moon". Se no primeiro filme juntaram-se os mais conhecidos Paramore a gente como os Muse ou Perry Farrell dos Jane's Addiction, a aposta no segundo filme foi na maioria para temas inéditos, ao contrário do primeiro filme, de um leque fantástico de artistas de um espectro claramente pouco identificável com a dimensão dos objectivos e sucesso da película e que, tal como na banda sonora de "Twilight", fizeram um razoável trabalho à medida dos gostos musicais da autora, dos quais fazem parte como grande inspiração os Muse. Então, Bon Iver ou Lykke Li ter-se-ão vendido em nome do dinheiro? É quase óbvio que não, tal como é impossível afirmar consubstancialmente que os Muse terão feito tal coisa com "Supermassive Black Hole" no conjunto de músicas de "Twilight", uma música já feita há 2 anos.

Estranhamente, parece que mais uma vez a qualidade de um CD se correlaciona com o valor das suas vendas. A banda sonora de "New Moon" não reúne apenas artistas de maior qualidade, mas também músicas.

Mas...porque é afinal um lançamento com estes subtis aspectos tão "extremamente interessante"? Porque até parece que a crítica especializada se esqueceu da melhor banda-sonora de 2009, da melhor banda sonora de um filme com pouco que apreciar onde os preferidos não perdem o "sumo", fresco.



Escolhi a faixa nº13 de 15, o perfeito esconderijo para uma canção digna do aclamado "VECKATIMEST" dos GRIZZLY BEAR. O número e a presença na fase terminal do disco são, por fim, tão "randomizados" certamente como o possível interesse da maior parte dos que viram o filme. Tanto os Grizzly Bear como a voz feminina inconfundível de VICTORIA LEGRAND, dos BEACH HOUSE poderão ser vistos em breve em Portugal, entre Março e Maio.

P.S: A versão completa desta canção pode e deve ser escutada na banda-sonora de "New Moon". Não se encontra no YouTube de momento qualquer excerto razoável do filme original conjugado com a música, daí a escolha de uma das brilhantes execuções ao vivo do tema.